domingo, 7 de novembro de 2010

Projeto aprovado

por Cristina de Amorim Machado

Há quanto tempo não escrevo! Mas realmente os últimos meses foram de som e fúria: muitos projetos, concursos, frustrações e, para culminar, uma operação de pedra na vesícula (dá-lhe saturno), da qual estou em fase final de recuperação. Para os nossos interesses por aqui, devo registrar uma ótima notícia: conseguimos aprovar um projeto no edital universal do CNPq. Esse projeto, cuja versão menor também foi aprovada no ano passado num edital de jovens pesquisadores da UFF (conseguimos financiamento para aquisição de livros, alguns dos quais já estão sob nossa custódia), é uma fusão do tema cunhado pelo Marcus já há algum tempo, Cosmologia e ética no helenismo, com os nossos interesses comuns pelo Tetrabiblos, cuja tradução dos primeiros capítulos está prestes a se encerrar depois de mais de dois anos de trabalho. Segue anexo o projeto aprovado.


Projeto de pesquisa para submissão ao edital MCT/CNPq Nº 014/2010 – Universal

Elementos de identificação do projeto:

Título: Cosmologia e ética no helenismo – Ptolomeu e suas influências
Área de concentração (CNPq):
Filosofia (7.01.00.00-4)
História da Filosofia (7.01.01.00-0)
Local de realização do projeto: Departamento de Filosofia da UFF
Proponente: Prof. Dr. Marcus Reis Pinheiro (professor adjunto do Departamento de Filosofia da Universidade Federal Fluminense)
Resumo:
Nosso objeto de estudo é a cosmologia no helenismo, que é tanto filosófico-científica quanto religiosa, nunca perdendo de vista a sua ligação com a ética. Ptolomeu será nosso ponto de referência, tendo em vista que apresenta um amálgama dessas tendências em sua obra astrológica, o Tetrabiblos. Pesquisaremos as influências que ele recebeu da filosofia e do ecletismo religioso de sua época, e as que imprimiu na posteridade, além de levarmos em conta também os seus contemporâneos helenistas. A transmissão da obra ptolomaica por meio de uma série de reescritas neoplatônicas que começou menos de um século depois da sua morte também será considerada.
Palavras-chave: Ptolomeu, Cosmologia, Ética, neoplatonismo

Fundamentação teórica e qualificação do principal problema a ser abordado:
Este projeto pretende estudar a cosmologia no helenismo, que é tanto filosófico-científica quanto religiosa, nunca perdendo de vista a sua ligação com a ética, especialmente na Alexandria do século II. Pode-se dividir o projeto em três grandes etapas. Num primeiro momento, a pesquisa parte dos filósofos clássicos, como Platão e Aristóteles, e vai até os helenísticos, como os estoicos, com o intuito de assinalar os pontos principais das cosmologias antigas e de suas dimensões éticas. Num segundo momento, que será o tema central do trabalho, abordaremos a obra astrológica de Ptolomeu, o Tetrabiblos, apresentando o modo como ele é um amálgama das tendências filosófico-científicas e éticas com o ecletismo religioso de sua época. Além disso, diversas práticas astrológicas se sobrepunham, mesclando essas duas abordagens ou pouco se importando com elas, sendo essa última uma opção mais pragmática. Nessa obra, procuraremos traços das cosmologias e éticas de seus contemporâneos – filósofos ou astrólogos – e dos filósofos clássicos, produzindo assim um diálogo entre essas referências. Um dos intuitos do projeto é traduzir do original grego e comentar os três primeiros capítulos dessa obra, capítulos esses que são os mais filosóficos e nos quais podemos encontrar os traços assinalados acima. Num terceiro momento, indicaremos as influências que Ptolomeu imprimiu na posteridade próxima, especialmente pela transmissão da sua obra por meio de uma série de reescritas neoplatônicas iniciadas um século depois da sua morte.
A obra astrológica de Ptolomeu é dividida em quatro livros. Como já foi mencionado, os três primeiros capítulos do Livro 1 do Tetrabiblos tratam dos fundamentos filosófico-científicos da astrologia. São apresentadas as questões espinhosas, como a possibilidade e a utilidade do prognóstico astrológico, os problemas em torno das noções de destino e liberdade, as críticas sofridas pela astrologia, o seu caráter conjectural etc. Do capítulo 4 ao fim do Livro 1, Ptolomeu apresenta a teoria astrológica propriamente dita, de maneira bastante didática, tomando como base a física aristotélica, sempre buscando a explicação pela natureza. No primeiro capítulo do Livro 2, identificam-se os assuntos sobre os quais se podem fazer prognósticos: um mais geral (diz respeito a nações inteiras, países e cidades) e outro genealógico ou genetlíaco (diz respeito aos indivíduos). E como a abordagem é sempre do mais geral para o mais particular, Ptolomeu apresenta primeiro a razão das simpatias (conceito de origem estoica) de signos e estrelas com os vários climas, dos corpos celestes com certas regiões, e também as peculiaridades das nações, que também teriam a ver com o caráter natural das estrelas e dos signos com os quais familiarizam. Terminados os procedimentos da investigação geral, nos próximos dois livros, Ptolomeu apresenta os procedimentos da investigação particular, sendo o Livro 3 dedicado às qualidades essenciais, e o Livro 4, às qualidades acidentais.
É notório que o estudo da natureza na antiguidade se configurava de forma completamente diversa da nossa. Além da óbvia diferença em seus conteúdos, as noções que Platão, Aristóteles e os filósofos helenísticos cunharam sobre a natureza (physis) e o universo (kosmos) apresentam vários aspectos que nos são profundamente estranhos: outro estatuto social, outra repercussão ética e religiosa, outra forma de constituir os poderes, enfim, outra relação com a cidade (polis). Por outro lado, investigando seus sistemas de pensamento, descobrimos o quanto somos devedores desses primeiros pensadores sobre o universo. Ao conhecer o pensamento cosmológico grego, vemos uma abordagem da natureza que mantém uma relação ambígua com a nossa: apesar de ser estrangeira, é também um antigo parente; é estranha, mas também nos constitui. A astrologia, por exemplo, é uma das formas de pensar o mundo que marcou a antiguidade,[1] no entanto tem sido muito negligenciada por historiadores e filósofos que se debruçam sobre esse período. Um imperador cunhou seu signo em moedas romanas (Augusto); outro decretou a morte de possíveis inimigos reconhecendo-os pelos seus horóscopos (Tibério); escolas filosóficas defendiam a prática da leitura do futuro (estoicismo); enfim, a importância da prática da divinação em Roma e na Grécia é inegável. Além das práticas divinatórias, destaca-se a autoridade de Claudio Ptolomeu, que, apesar de não termos notícias de que fosse de fato astrólogo, escreveu um livro de astrologia, nosso objeto de estudo, o Tetrabiblos.
Costuma-se atribuir a Beroso, sacerdote e historiador babilônico enviado à Grécia após a conquista da Mesopotâmia por Alexandre (331 a.C.), a responsabilidade por levar a astrologia mesopotâmica para o mundo helênico, contudo a historiadora Tamsym Barton refere-se a Sudines, um adivinho babilônico que viveu cerca de uma geração após Beroso, como “primeiro indivíduo datável citado como fonte por pelo menos um astrólogo” (Barton, 1994, p.23). Esse astrólogo que cita Sudines é Vettius Valens, contemporâneo de Ptolomeu. Barton conta também que há quem atribua ao astrônomo grego Hiparco (século II a.C.) a responsabilidade pela popularização da astrologia. “Entretanto, a maioria dos historiadores modernos tem menos inclinação que os antigos a identificar indivíduos como responsáveis por desenvolvimentos intelectuais, e olha preferencialmente para as circunstâncias do período a fim de explicar o intercâmbio de ideias” (ibid.). Dessa maneira, não faz sentido atribuir a um ou mais indivíduos a responsabilidade pela difusão do sistema astrológico. Beroso e Sudines seriam, então, exemplos das migrações de indivíduos da Mesopotâmia para a Grécia, que ocorreram após as conquistas de Alexandre, responsáveis pela transmissão das tradições mesopotâmicas.
Independentemente de não ser possível datar com precisão se a astrologia grega começou realmente no século III a.C., tudo indica que, conforme as evidências mencionadas anteriormente, ela partiu da Mesopotâmia e foi levada para a Grécia, onde foi assimilada à ciência da época. Segundo Bouché-LeClercq (1979, p.1), a astrologia é uma religião oriental que, helenizada, associou-se à razão pura das ciências, afastando-se da razão prática das religiões: “é na Grécia que a alma oriental da astrologia recebe todos os seus instrumentos de persuasão, impregnando-se de filosofia e encobrindo-se de matemática” (ibid., p.2). Pode soar anacrônico o uso do termo “ciência” no contexto grego, dado que no mundo antigo nunca houve uma distinção clara entre ciência, filosofia e religião, como se busca atualmente, entretanto esse termo será usado aqui num sentido lato, abarcando inclusive o impulso científico de pensamento abstrato, análise, dedução e pesquisa dos povos mesopotâmicos (Barton, 1994, p.31). É no mundo helênico, portanto, especialmente em Alexandria, e pelas mãos de Ptolomeu e do seu Tetrabiblos, que se dá a grande sistematização da astrologia, provavelmente também com influências indianas.
O principal problema a ser abordado neste projeto, como já assinalado, é a relação entre cosmologia e ética no período helenístico, identificando como isso se produziu desde os filósofos clássicos, e tendo como ponto central o Tetrabiblos. De Platão e Aristóteles aos neoplatônicos Plotino, Porfíro, e Proclo, passando por Ptolomeu e seus contemporâneos, nossa proposta é fazer esse recorte ético em suas cosmologias.[2] Vamos, agora, a uma breve descrição de como será feito esse recorte, passando pelos principais elementos de estudo do projeto.
Na República, Platão já delineia uma analogia entre o homem e a cidade, e, no diálogo que durante muito tempo foi considerado sua continuação, o Timeu, há um prolongamento dessa analogia para o cosmos, que é visto como um grande ser vivo, dotado de alma, que pensa e age de acordo com o mundo inteligível. Há pelo menos quatro pontos importantes no Timeu que foram utilizados pela concepção astrológica helenística: 1) visão teleológica da realidade (compartilhada por quase toda a filosofia grega) que nos possibilita dar sentido aos fenômenos celestes e traçar uma relação com os terrestres; 2) isonomia entre o cosmos, a cidade e o homem, ou seja, essas três instâncias da realidade possuem estruturas semelhantes e correlatas; 3) estudo das características e funções dos quatro elementos (fogo, terra, água e ar); 4) a necessidade de o homem buscar pautar sua vida e sua alma de acordo com as revoluções dos orbes celestes. Ou seja, em Platão já se pode inferir uma relação entre macrocosmo e microcosmo, entre physis e ethos, enfim, entre o céu e a ação humana. Talvez a passagem que mais exemplifique a estreita relação entre a cosmologia e a ética no Timeu seja a 47b-c, em que o personagem Timeu afirma que o homem deve regularizar os desordenados movimentos de sua alma a partir da contemplação dos ordenados movimentos das esferas celestes. Essa passagem é citada por G. E. R. Lloyd (1973, p.175), que, em seguida, destaca a abordagem ética que Ptolomeu atribui à prática astrológica: “[Ptolomeu] acreditava que a astronomia melhora o caráter do homem”. Segundo Gabriela Carone, em A cosmologia de Platão e suas dimensões éticas (2008), há alguns mitos cosmológicos em Platão que demonstram clara relação com a ética. Além da República e do Timeu, também no Filebo e no livro X das Leis, Platão nos apresenta mitos cosmológicos que orientam questionamentos sobre a conduta humana e o melhor modo para se alcançar a vida boa. Platão é uma referência necessária a toda filosofia da época helenística, e nos é essencial ter clara a sua noção de cosmologia e o modo como ela pode ser pensada em suas dimensões éticas. O pensamento astrológico que surge com maior força na época de Ptolomeu está fortemente marcado pela cosmologia mítica de Platão (Bouché-Leclerq, 1979) e assim é um dos elementos que compõem este projeto.
Em Aristóteles, pode-se encontrar uma forte cisão entre o mundo supralunar e sublunar, no qual este é profundamente influenciado por aquele, como se pode ver no livro lambda da Metafísica e no Da geração e corrupção. Poderíamos resumir a cosmologia de Aristóteles da seguinte forma: 1) o céu e os corpos celestes são tratados como incorruptíveis e imutáveis; 2) o movimento dos astros é regular, eterno, circular e perfeito; 3) há uma diferenciação entre mundo superior e mundo inferior; 4) o mundo inferior é o mundo do devir, que se gera e se corrompe; e 5) o mundo sublunar é governado pelo mundo supralunar. Tal descrição cosmológica marca profundamente a obra ptolomaica, tanto é que séculos depois, já no Renascimento, fala-se muito de um declínio da cosmologia aristotélico-ptolomaica. Nesse aspecto, podemos dizer que Aristóteles é uma grande influência na obra astrológica de Ptolomeu, pois, no Tetrabiblos, ele investiga e descreve as causas naturais da relação entre os eventos terrestres e celestes (Martins, 1995), constituindo assim uma clara relação entre cosmologia e ética.
É na filosofia helenística que o estudo da física tem consequências éticas explícitas. Os epicuristas concordariam com a frase estoica de que “a virtude é viver de acordo com a natureza”, e é através da contemplação e do estudo do que seja a physis e o kosmos que o homem alcança o objetivo supremo da vida: a felicidade (eudaimonia), que, para eles, significava a imperturbabilidade, a tranquilidade (ataraxia), a libertação de ansiedades e medos irracionais. Decerto que epicuristas e estoicos formularam meios diferentes para chegar a esse fim, mas ambos compartilhavam essa filosofia tripartida em ética, física e lógica, e ambos subordinavam a física e a lógica à ética. Ou seja, nas duas escolas, o principal motivo para se estudar as causas dos fenômenos físicos é alcançar a ataraxia (Lloyd, 1973, p.21).
Os estoicos[3], ao contrário dos epicuristas, defendiam todo tipo de prognóstico, provavelmente por sua influência semítica (Cumont, 2000, p.65), e, como vimos, a origem da astrologia também é semítica. Posidônio (135-50 a.C.), por exemplo, foi uma figura de relevo na popularização da visão estoica acerca do destino e, segundo Cumont, é com ele que a aliança entre as tradições semíticas e a filosofia grega chegou à plenitude (ibid., p.66). Marcus Manilius é um típico exemplo de filósofo estoico que professava a astrologia. Foi ele que escreveu o primeiro tratado astrológico de que temos notícia, o Astronomica (Ferroni, 2007), escrito em versos. No Tetrabiblos, percebe-se uma aproximação dessas ideias quando Ptolomeu apresenta argumentos para justificar o prognóstico astrológico. Apesar de muitos de seus contemporâneos acharem supérfluo saber de antemão o que vai acontecer inevitavelmente, para Ptolomeu, esse tipo de prognóstico é bom para a alma – pois fornece uma visão geral das coisas humanas e divinas – e para o corpo – porque informa sobre o que é apropriado para cada temperamento. Ele argumenta a favor da prevenção, da preparação da alma para os eventos que podem ocorrer, no sentido de “aceitar com calma e serenidade o que quer que aconteça” (Ptolomeu, 2001, p.23). Tal forma de abordar a questão do destino cosmológico e ético tem profundas semelhanças com o pensamento estoico, já que a ideia de serenidade exposta aqui pode ser vista como equivalente à ataraxia buscada pelos estoicos.
Outro tema importante que aproxima a astrologia e a filosofia dos estoicos é a problemática do destino e do livre-arbítrio. A noção de destino estoica, que se expressa pelo logos, ou seja, que se mostra no mundo físico como uma relação necessária e racional existente entre os acontecimentos, nos apresenta um intrincado problema em relação à liberdade humana. Se o homem é um microcosmo dentro do macrocosmo, que é fechado, ordenado e regulado por uma lei causal, então viver segundo a natureza seria aceitar seu teor de determinismo, já que todas as coisas estão interconectadas por esse elo inflexível. Como poderíamos, então, falar de liberdade humana? É a partir de Crisipo e Epiteto que podemos encontrar uma resposta para isso, com base em noções como expectativa e autoconhecimento. Trata-se de uma nova forma de encarar a noção de liberdade: retiramos a noção de escolha e introduzimos a de autoconhecimento. No verdadeiro conhecimento de si mesmo e do mundo que nos toca está a liberdade: o homem é realmente livre a partir do momento em que aprende a aceitar completamente os fatos que ele não pode modificar, os fatos externos. Tal aceitação é fruto de um trabalho interno, um trabalho sobre as expectativas que temos da vida. Viver de acordo com a natureza é a única virtude do homem livre, pois somente ele está de acordo com os fatos que necessariamente devem acontecer. Nesse sentido, há algum espaço para o homem trabalhar dentro do destino determinista do estoicismo, pois ele pode e deve modificar suas atitudes internas.
No entanto não se pode afirmar que Ptolomeu aceite o radical determinismo estoico. Pelo contrário, ele afirma que, nas coisas terrenas, há interferências de outras causas. Além das causas celestiais, que seriam primárias, há o acaso, o ambiente e a sequência natural (decorrente das causas primárias), que podem servir de “forças de resistência”. Nesse ponto, Ptolomeu explicita a aproximação entre física e ética tão cara ao pensamento helenístico. Em termos práticos, o astrólogo, assim como o médico, é capaz de reconhecer as causas dos acontecimentos e receitar os remédios adequados, evitando que ocorram ou diminuindo seus efeitos:
Se os acontecimentos futuros dos homens não forem conhecidos, ou se forem conhecidos e os remédios não forem aplicados, seguirão sem dúvida o curso da natureza primária; mas se forem reconhecidos antes do tempo e os remédios forem fornecidos, novamente de acordo com a natureza e o destino, ou não ocorrerão ou serão menos severos (ibid., p.27-29).
Apesar da falibilidade dos prognósticos e do caráter parcial da prevenção, Ptolomeu reafirma a utilidade da astrologia. Para ele, ainda que se tenha produzido a opinião de que “absolutamente todos os eventos futuros sejam inevitáveis e inescapáveis” (ibid., p.31), a possibilidade de uma “prática defensiva [...] deve ser bem-vinda, apreciada e considerada vantajosa” (ibid.).
Com tudo isso, podemos dizer que, sempre em busca de demonstrar as causas naturais do sistema astrológico e de esclarecer a sua dimensão ética, ou seja, a sua relação com a vida prática, Ptolomeu menciona a medicina não só como uma das principais aplicações da astrologia, mas principalmente para explicitar seu caráter prognóstico, diagnóstico, terapêutico e preventivo.
Além das influências filosóficas sobre Ptolomeu, o projeto destina-se também a tratar dos seus contemporâneos quer sejam eles defensores ou detratores da astrologia. A literatura astrológica produzida em sua época – Dorotheus de Sidon e Vettius Valens – é completamente diversa, não apresentando a mesma preocupação filosófico-científica. Dorotheus escreveu o Carmen Astrologicum, em versos, provavelmente entre 25 e 75 da nossa era. Sua obra, escrita originalmente em grego, foi utilizada e conservada por outros astrólogos, como Firmicus Maternus (século IV) e Hefaísto de Tebas (século IV).
Ao contrário de Ptolomeu, cuja obra dedica-se exclusivamente a sistematizar a teoria astrológica – e nesse sentido apresenta aspectos claramente filosófico-científicos – e de Dorotheus, que escreveu em versos, o astrólogo Vettius Valens escreveu em prosa um texto que é notadamente um espelho da sua prática astrológica. Esse texto recebeu posteriormente o título de Antologia, uma coletânea dos manuscritos que restaram de sua obra, onde compilou cerca de 130 mapas. Natural da Síria, Valens escreveu com dificuldade em grego – esse era o pré-requisito para um escritor ser levado a sério –, provavelmente, entre 154 e 174 (Riley, 2000).
Dentre os críticos da astrologia, no século III destacam-se o cético Sexto Empírico e o neoplatônico Plotino[4], que questionam o determinismo astral e a astrologia fatalista. Plotino lembra, como Ptolomeu já o fizera no Tetrabiblos, os diversos outros fatores que determinam o destino, considerando a astrologia como um saber conjectural. Em suas Enéadas (II, 3), ele admite que as estrelas indicam o futuro, numa escrita que pode ser lida por quem é capaz de usar a analogia sistematicamente: “o movimento dos astros indica os eventos futuros, e não os produz, como se crê frequentemente” (Plotino, 1966, II, 3). Logo, essa indicação dos astros não teria um caráter determinístico forte, do tipo causa-efeito, como se pode pensar, e sim denotativo, algo a ser decifrado, traduzido, decodificado, interpretado. Nesse sentido, é possível pensar no mapa astrológico como um índice, um sistema de referências ou uma diretriz para a construção de um discurso acerca do evento em questão, que pode ser o nascimento de alguém, uma tomada de decisão, o início de um negócio etc.
Plotino fazia críticas aos astrólogos e a suas práticas, e não à astrologia, ou seja, ele não confiava em certos astrólogos, no seu conhecimento astrológico e nas suas práticas ideologicamente comprometidas. De acordo com Plotino, alguns astrólogos afirmavam mudanças de temperamento nos astros a partir das posições celestes, atribuindo aos astros (que seriam deuses) qualidades emocionais que terminariam por influenciar as ações humanas. Para Plotino, tal concepção não tem fundamento, pois, mesmo defendendo o estatuto divino dos astros, ele compactuava da divisão aristotélica entre o mundo supralunar e sublunar, que impossibilita alterações irracionais de humor em seres perfeitos que se movem matematicamente.
Mesmo pontuando certas críticas à prática astrológica, Plotino defendia a astrologia como um sistema analógico a ser decodificado por quem tivesse competência para isso. Assim como Plotino, é possível afirmar que, até a conversão de Constantino (312 d.C.) – o primeiro imperador romano a se converter ao cristianismo –, ninguém negava que as estrelas “influenciavam” os eventos na Terra, duvidava-se frequentemente, entretanto, da capacidade de certos astrólogos preverem tais eventos.
A primeira reescrita do Tetrabiblos de que temos notícia é atribuída a Porfírio (233-304), aluno e editor das Enéadas, obra máxima de Plotino, em aproximadamente 275. Porfírio também escreveu introduções e tratados sobre vários assuntos, além de comentar Platão e Aristóteles. Sua introdução ao tratado aristotélico sobre as categorias, Isagoge (Introdução), teve grande repercussão na Idade Média. Defensor da religião grega, Porfírio escreveu uma obra em 15 volumes contra os cristãos, que foi queimada em 435 por Teodósio II.
Porfírio escreveu outras “isagoges”, entre elas a Introdução ao Tetrabiblos. Sua versão em grego está resguardada no Catalogus Codicum Astrologorum Graecorum, mas segue sem tradução, pelo menos até onde sabemos. Segundo Pingree (2001, p.7), há vários paralelos entre o texto de Porfírio e os fragmentos que restaram dos textos do astrólogo ateniense Antióquio (século II). Mais precisamente, cerca de dois terços do livro de Porfíro parecem ter sido copiados de Antióquio. Independentemente de quem seja de fato o autor dessa primeira reescrita do Tetrabiblos, é interessante termos uma ideia do seu conteúdo. Segundo Holden (2006, p.65), trata-se de um “dicionário enciclopédico de astrologia [...] para ser lido antes de ler o Tetrabiblos”. Numa tentativa de dar conta das omissões conceituais de Ptolomeu, Porfírio (ou pseudo-Porfírio) fornece definições de termos astrológicos, fazendo uma reescrita com fins aparentemente pedagógicos.
A reescrita do Tetrabiblos mais importante do período helenístico é a paráfrase de Proclo (412-485). Proclo nasceu em Constantinopla e, também neoplatônico, foi discípulo de Olimpiodoro (em Alexandria) e de Siriano (em Atenas). Fez vários comentários de Platão, além de vários ensaios sobre teologia. Das suas obras que se conservaram, boa parte encontra-se apenas nas versões latinas (Ferrater Mora, 2001, p.2381-2383). Há quem mencione também a existência de um comentário de Proclo ao Tetrabiblos, além da paráfrase.
Quanto à paráfrase do Tetrabiblos, mais uma vez a autoria é discutida, mas novamente isso acaba sendo de menor importância. Quer seja de Proclo ou de um autor anônimo, a chamada Paráfrase aproxima-se muitíssimo do suposto original do Tetrabiblos (Robbins, 2000, p.xv). Ademais, o que nos restou de materialmente mais antigo da tradição manuscrita sobre a obra astrológica de Ptolomeu é uma cópia do século X da Paráfrase. Segundo Holden (2006, p.84), a maioria das traduções se baseia nela ou pelo menos a considera como referência.[5]
No âmbito das leituras neoplatônicas de Ptolomeu, temos ainda que acrescentar a importância das influências que sofrem tais autores das religiões astrais de sua época, especialmente do gnosticismo. A religião gnóstica é eminentemente eclética, apresentando traços das religiões babilônicas, egípcias, gregas e judaicas, além de diversos elementos da filosofia grega. Ela é profundamente marcada por uma dimensão celeste, atribuindo poderes pessoais aos astros, que marcariam a entrada das almas no corpo. Entre os comentadores, é unânime a influência que tal religião tem sobre a concepção astrológica do helenismo, pois se trata exatamente de uma concepção da vida humana fortemente marcada pelos “poderes celestes” (Tripolitis, 2002). No âmbito das religiões helênicas, vale ainda marcar a influência que o neoplatonismo tem do judaísmo helenizado, como encontramos em Filon de Alexandria.
Concluímos assim esta fundamentação do projeto, mostrando os elementos principais que o compõem, a saber: tendo o Tetrabiblos como obra central, pretendemos investigar a relação que se pode encontrar entre a cosmologia e a ética no helenismo, sem perder o horizonte das influências que tal obra recebeu dos clássicos e que imprimiu nos seus contemporâneos e sucedâneos próximos.

Objetivos e metas a serem alcançados:
Trata-se de um projeto de dois anos. Nossa proposta mínima (sendo razoável a produção ir além dessa proposta inicial) é apresentar cinco trabalhos em eventos científicos e produzir cinco artigos por ano. Além disso, pretendemos traduzir e comentar do original grego os três primeiros capítulos do Tetrabiblios, que são os capítulos propriamente filosóficos do livro. O primeiro e o segundo já estão esboçados, sem contudo terem sido minuciosamente comentados, como pretende a pesquisa. Para finalizar o projeto, nosso fito é publicar os artigos e a tradução mencionada numa edição coletiva sobre cosmologia e ética no helenismo. Além dessas produções acadêmicas, pretendemos também organizar um seminário ou encontro, nas dependências da UFF, para discutir os temas principais do projeto. Vale lembrar que há um seminário permanente de tradução e estudo de textos antigos, no âmbito do CIUHCT da Universidade de Lisboa, com o qual já fizemos contato e pretendemos fazer alguma parceria. O presente projeto visa pelo menos manter o diálogo em aberto com essa instituição.
Resumo das produções mínimas esperadas: anualmente serão produzidos cinco (5) artigos e cinco (5) apresentações em eventos científicos, além do seminário ou encontro geral que organizaremos. Ao fim do projeto, pretende-se publicar um livro em que se reúnam os artigos produzidos e a tradução comentada dos três primeiros capítulos do Tetrabiblos de Ptolomeu.

Metodologia a ser empregada:
A base metodológica da nossa pesquisa é o estudo, a tradução, a discussão e os comentários da bibliografia helenística, tanto de textos primários quanto secundários. Por isso, fundamental neste projeto é a pesquisa bibliográfica e o acesso a obras clássicas e seus comentadores. Outro trabalho, já iniciado na Biblioteca Nacional de Lisboa e na Universidade de Salamanca, é a catalogação e documentação dos textos astrológicos antigos que há nessas bibliotecas. Atualmente já temos disponível na Internet o catálogo de grande parte das bibliotecas do mundo, quiçá do próprio acervo, o que também instrumentaliza o nosso projeto.

Principais contribuições científicas:
Procura-se contribuir para a história da filosofia e da ciência na medida em que se estuda uma das concepções fundamentais da natureza em um período importante da história do pensamento, assim como para a filosofia da natureza, com uma abordagem que a aproxima da ética. Ao estudar sistemas antigos e compreensões diferentes do universo, o projeto possibilita novas formas de entender o mundo em que vivemos.
Ademais, o estudo e a catalogação da bibliografia astrológica helenística serve de ferramenta não só para este projeto como, por meio de uma divulgação eficiente, pode beneficiar outros pesquisadores que se interessem pelo assunto. Com isso, o projeto visa mapear um acervo básico de livros para estudos helenísticos em âmbito acadêmico no Brasil.
Pretendemos também contribuir para a consolidação do grupo Núcleo de Filosofia Antiga da UFF:
Identificação dos demais participantes do projeto:
Cristina de Amorim Machado
Doutora em Letras e mestre em Filosofia, ambos pela PUC-Rio
Função no projeto: pesquisa, estudo, tradução, revisão e comentários de textos primários e secundários
Carlos Manoel de Hollanda Cavalcanti
Doutorando em Artes Visuais (linha Imagem e Cultura) do PPGAV/UFRJ e mestre em História Comparada das Formas Narrativas pelo PPGHC/UFRJ
Função no projeto: pesquisa, estudo e comentários de textos primários e secundários
Edmilson Carvalho Barbosa
Graduando em Filosofia da UFRJ, bolsista de iniciação científica da Faperj
Função no projeto: pesquisa, estudo e comentários de textos primários e secundários

Disponibilidade de infraestrutura para o desenvolvimento do projeto:

Toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento deste projeto está disponível aos pesquisadores no Departamento de Filosofia da UFF, que oferece os recursos humanos e materiais necessários para tal. Além do grupo de pesquisa propriamente dito, que constitui o ambiente acadêmico propício para o estudo e a discussão que aqui se propõe, contamos com a estrutura das salas de aula, estudos e reunião, e também dos auditórios para seminários e eventos de maior porte.

Bibliografia:

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[1] Como veremos, a astrologia propriamente dita chega ao mundo grego somente depois das conquistas de Alexandre, o Grande, por isso não se pode falar de uma astrologia explícita na filosofia clássica de Platão e Aristóteles.
[2] Sobre o assunto, destacamos duas publicações recentes, A cosmologia de Platão e suas dimensões éticas, de Gabriela Roxana Carone (2008), e Ptolemy’s universe: the natural philosophical and ethical foundations of Ptolemy’s Astronomy, de Liba Chaia Taub (1993).
[3] Sobre o relacionamento entre o estoicismo e a astrologia, ver o texto de LONG, A. A. “Astrology: arguments pro and contra.” In: Science and speculation: Studies in sources and philosophical commentary. Cambridge: Cambridge University Press, 1982. Long critica autores que afirmam que todo o estoicismo defenderia a divinação. Autores como Cumont, afirma Long, veem em todo o estoicismo a influência de Posidônio, este sim, claramente a favor da divinação.
[4] Sobre a noção de divinação em Plotino, o proponente deste projeto, Marcus Reis Pinheiro, já publicou um artigo (Pinheiro, 2007) no âmbito de um pós-doutorado realizado na PUC-Rio sob orientação da prof. Maura Iglésias.
[5] Sobre o conteúdo do Tetrabiblos e a sua história de traduções e outros tipos de reescritas, uma das participantes deste projeto, Cristina de Amorim Machado, defendeu sua tese de doutorado no Departamento de Letras da PUC-Rio sob orientação da prof. Marcia Martins (Machado, 2010).
[6] http://www.proppi.uff.br/categorias/pesquisa/auxilio-jovens-pesquisadores







Um comentário:

Pedro Fraga disse...

Gostei. Parabéns.
Pedro Fraga.